segunda-feira, 11 de maio de 2015

Quer inovar? Acabe com o departamento de inovação



Inovação tem sido entendida como sinônimo de tecnologia, e isso não é verdade. Este equívoco tem levado empresas a transferir a responsabilidade por inovações ao seu setor de tecnologia da informação ou mesmo ao setor de P&D. Outras procuram criar setores exclusivos para o desenvolvimento da inovação.

Como inovar é a palavra do momento, organizações e empresas, públicas ou privadas, de todos os portes e segmentos, têm investido tempo, esforços e recursos em inovação. Ela está na pauta do dia. Em várias oportunidades, tenho conversado com C-level’s e o assunto invariavelmente remete à pergunta: Como iniciar ou incrementar processos de inovação na empresa?

Na maioria das vezes, as respostas reforçam o que disse anteriormente, ou seja, já estão numa fase avançada de criação de um setor/departamento de inovação; outros vão mais longe e dizem que já estão fazendo vários investimentos em tecnologia.

Há algumas semanas em reunião com um diretor de uma grande empresa do varejo, ele me confidenciou que o presidente está à procura de um diretor de tecnologia porque deseja iniciar o processo de inovação na sua organização.

Chamo sua atenção para dois pontos importantes:

O primeiro é que inovação não é departamental, não pode ser setorizada como acreditam alguns comandantes de organizações. Inovação é um processo, necessita engajamento e inclusão das pessoas, necessita colaboração.  A sua adoção deve ser realizada de forma estruturada para que todas as pessoas possam fazer parte do processo, da “guarita” à “alta direção”, passando pelas áreas operacionais, P&D, vendas, tecnologia etc. Deve-se estabelecer uma sensibilização, isto é, instigar as pessoas a “se mexerem”, motivá-las a sair do lugar, a pensar diferente. Por que ainda hoje tantos líderes ainda têm uma visão reducionista quando pensam em inovação? Por que será que pensam somente em profissionais e estrutura de TI ou P&D?




É preciso lembrar que hoje todas as pessoas que fazem parte de uma organização têm acesso a tecnologias de ponta e, muitas vezes, a tecnologias até mais avançadas do que as da própria empresa. Vejam o fenômeno do BYOD (bring your own device) e, indo mais longe, um outro fenômeno, o da consumerização.

Explicando melhor esses fenômenos, a linha que separa o que é trabalho e o que é a vida pessoal está cada vez mais tênue. As pessoas usam aplicativos (app’s) nos seus dispositivos móveis no seu dia a dia e, naturalmente, não querem restringir o uso desses aplicativos ao seu universo pessoal. Além do que querem que as aplicações de negócio sejam tão simples de usar quanto as app’s, e as empresas devem trabalhar de forma a facilitar esta integração.



Já está se tornando trivial ler ou ouvir sobre o aparecimento de modelos de negócios tão ousados e inovadores que colocam em xeque negócios tradicionais, muitas vezes, o negócio de sua própria empresa! Como fazer para que as pessoas se engajem ao ponto de, todos os dias, no seu deslocamento para o trabalho se perguntarem:

Será que o que minha empresa fez ontem vale hoje? Será que o que eu fiz ontem ainda tem valor ou faz sentido hoje? O que eu poderia fazer diferente? Como?

Isso, sim, é pensamento inovador. A inovação deve ser perseguida por todos: líderes, times, parceiros de negócios. A inovação deve ser o DNA da organização. Um detalhe: estas questões valem para qualquer tipo de organização ou empresa, independente do segmento de atuação. Inovação não escolhe idioma, segmento, tipo de produto ou serviço ou estrutura organizacional.

O segundo ponto a que me referi é o entendimento equivocado entre “inovação” e “tecnologia”.

Como vimos, há realmente uma certa confusão entre inovação e tecnologia. Em minha opinião, inovação não é tecnologia, mas, também tecnologia. O que queremos dizer com isso? Que o mundo da inovação é muito mais amplo e complexo e, é lógico que a tecnologia dele faz parte. A inovação envolve processos, gestão, experiências etc. Por isso, as pessoas são as grandes protagonistas desse processo. Nada acontece sem elas. Uma empresa inovadora atrai e retém talentos, mantém seu negócio moderno, sustentável e rentável.

Esta visão faz parte de um estudo que venho desenvolvendo há mais de 20 anos. Como estudioso da evolução da microeletrônica e o consequente barateamento dos chips, já no início dos anos 90, eu acreditava que grandes transformações tecnológicas se aproximavam e que os recém-lançados “laptops” (revolucionários para a época) viriam para o bolso e com um poder computacional dezenas de vezes superior. E isso em menos de 10 anos! Essa evolução tecnológica implicaria em profundas mudanças comportamentais, em outras palavras, os “trabalhadores do futuro”, aquelas pessoas que eram crianças na época ou que ainda nem tinham nascido, teriam como seus valores máximos a colaboração intensa (provocada pelo avanço da tecnologia da informação e comunicação), com forte impacto em sua maneira de viver e ver o mundo.

Logo, as empresas e organizações precisariam repensar toda sua estrutura, visando adaptarem-se a essa nova realidade, uma realidade de pessoas totalmente diferentes. Outra conclusão importante foi que a inovação está diretamente relacionada a pessoas felizes, o que para essa geração é ponto fundamental. Mas o que é ser feliz dentro de uma organização? Nossas pesquisas e trabalhos nos mostraram que, no tocante às pessoas, ter a pessoas certas nos lugares certos, faz com que elas desenvolvam a criatividade, o pensamento inovador e o trabalho colaborativo na busca por soluções únicas. Para a empresa que desejasse despontar como inovadora nesse mundo colaborativo que se aproximava teria que, antes de tudo, entender essa nova geração. Uma geração que não abre mão de valores, como por exemplo: qualidade de vida, felicidade, bem estar e consumo consciente antes do dinheiro. Uma geração que compartilha bens materiais e conhecimento. 

Por isso, digo e repito: antes de pensar em tecnologia como inovação é fundamental repensar a gestão. Nessa direção, o primeiro passo é mudar o modelo de gestão utilizado, que foca a divisão do negócio em três grandes silos (administrativo, operacional e comercial) para um modelo totalmente colaborativo e inclusivo (mais informações sobre este modelo clique aqui ou acesse: www.keroinovar.com.br).

Concluindo, as pessoas são o pulmão das empresas e a chave para a conquista de melhores resultados. Inovar requer um foco nas pessoas, pois times alinhados, motivados e valorizados constroem inovações de valor, ou seja, inovações que adicionam diferenciais reais para o negócio, que aumentam suas capacidades e o tornam mais atrativo e sustentável. 

Resultado? A inovação passa a ser parte do DNA da empresa levando a processos inteligentes e maior sinergia. Pessoas certas nos lugares certos, mais felizes e produtivas gerando melhores resultados.

Fechando nosso artigo, se você quer inovar, então pense a inovação de uma forma holística, abrangente e colaborativa. E não se esqueça: as pessoas são a fonte primordial da inovação. Quando trabalham juntas, constroem coisas incríveis e fazem do mundo um lugar melhor para se viver.

Esse é o caminho.






sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Internet das Coisas: um verdadeiro tsunami! - Parte 2

Conceito

A Internet das Coisas já começa a despertar interesse. O conceito não é novo, data de 1999 para se referir à interconectividade que objetos podem estabelecer entre si sem a necessidade de interação humana, definido basicamente pelo crescente número de objetos do mundo real (geladeiras, torradeiras, lâmpadas, câmeras, wearables etc.) que podem ser conectados à Internet. Para o grupo de internet da Cisco, até 2020, 50 bilhões de dispositivos terão acesso à web, algo como seis por pessoa.

A Internet das Coisas é uma rede de objetos com conexão à Internet habilitada juntamente com serviços Web que interagem com esses objetos, ou seja, uma infraestrutura de rede global baseada em padrão IP onde coisas físicas (objetos) ou virtuais, com suas identidades únicas operam entre si e com sistemas de informação. Na Internet das Coisas, as coisas e objetos participam ativamente dos processos sociais e de negócios, compartilhando dados e informações "percebidas" sobre o ambiente em que se encontram, reagindo de forma autônoma aos eventos do mundo físico, influenciando ou modificando os próprios processos em que se encontram, sem necessidade de intervenção humana


Como parte da infraestrutura da Internet das Coisas estão tecnologias como RFID (identificadores de radiofrequência), sensores, atuadores, câmeras e smartphones. O RFID é constituído por um micro circuito que identifica objetos e pode ser lido à distância. Exemplo da utilização do RFID são os sistemas de pedágio “Sem Parar ou Via Fácil”, mesmo em caixas de supermercados, centros de distribuição para logística de controle de mercadorias etc.

A geladeira com Internet é talvez o exemplo mais frequentemente citado do que a IoT pode disponibilizar. Imagine a seguinte situação... Você chegando em casa, uma câmara o identifica e avisa a outros dispositivos que você chegou. Daí a pouco, a campainha toca, você abre a porta e recebe um mensageiro do supermercado (sua geladeira avisou ao supermercado que você já havia chegado!) e recebe as cervejas, que sua geladeira encomendou, porque o estoque mínimo havia sido atingido (produtos internos à geladeira monitorados por etiquetas com RFID)! O mesmo refrigerador monitoraria seu conteúdo e o avisaria quando o leite está acabando. Possivelmente, que também monitore os melhores sites sobre comida, amealhando receitas para seus jantares e acrescentando ingredientes automaticamente a suas listas de compras. Essa geladeira sabe que tipo de comida você gosta, baseada em notas que você já deu às suas refeições. De fato, ela ajuda a tomar conta de sua saúde, porque sabe que tipo de comida lhe faz bem!

Isso é a Internet das Coisas. Essa tecnologia implica em uma relação simbiótica entre o mundo físico e o mundo digital, com entidades físicas tendo também sua única identidade digital, podendo com esta se comunicar e interagir  com outras entidades do mundo virtual, sejam estes outros objetos ou pessoas. E não é futurologia, mas algo que já é realidade.
Este é o nosso presente. É em cima disso que a Internet das Coisas está sendo construída. É a conectividade nos ajudando na tomada de decisões. Esse é o conceito da Computação Pervasiva (Pervasive Computing) ou Computação Ubíqua (Ubiquitous Computing) – existindo ou estando em todos os lugares – as máquinas que se encaixam no ambiente do ser humano e não o contrário. Em outras palavras, as máquinas interagem com o ser humano de uma forma mais natural. Todas estas tecnologias unidas é que nos levam a Internet das Coisas. Um cenário onde não só as pessoas estão conectadas, mas também os objetos do nosso dia a dia (celulares, geladeira, cafeteira, o despertador, som, carros etc.).

Uma nova dimensão está sendo adicionada ao mundo das tecnologias das informações e comunicações -  ICT (Information Communication Technology): a qualquer tempo, conectividade em qualquer lugar e para qualquer um. Agora teremos conectividade para tudo:
 


A evolução da internet

As figuras abaixo ilustram a evolução da internet. Desde seu lançamento na versão 1.0 (WEB 1.0) vivenciamos essa transformação há mais de 15 anos – dos primórdios de acesso à Internet e sites básicos (voltados para as empresas e apenas institucionais) para os anos de adolescência do e-commerce e do e-business. Já o advento da internet 2.0 (WEB 2.0) possibilitou ao usuário maior interação através da geração de conteúdo, mensagem instantânea onipresente, voz sobre IP, smartphones e entrega de vídeo em banda larga. Agora a internet 3.0 (WEB 3.0) veio possibilitar a comunicação em qualquer lugar, por qualquer um e com qualquer coisa, viabilizando a Internet das Coisas.




Existem várias aplicações para o uso da internet das coisas. A interação com as coisas ou objetos inteligentes ("smart things") dá-se geralmente na forma de interfaces para serviços, uma vez que estes objetos fazem parte de um conjunto maior. Dentre outras, uma aplicação bastante promissora será o uso nas cidades, visando dotá-las de sensores em semáforos, no transporte público, nas rede de água, na rede elétrica etc. As cidades podem ser vistas como uma complexa e multidimensional rede de componentes interligados, ou sistemas de sistemas, que constituem sua infra-estrutura básica, como transporte, energia, comunicações, educação e saúde. Suas características culturais, econômicas, sociais e geográficas criam contextos únicos, tornando absolutamente necessário uma visão analítica e holística para compreendermos seus desafios e propormos soluções específicas para se tornarem cidades inteligentes. Uma cidade inteligente é a que desmaterializa e acelera seus processos burocráticos e de gestão, que instrumenta e interconecta sua infra-estrutrura, criando soluções inovadoras”.

Em outro exemplo, um semáforo inteligente pode ter seu controle de tempo modificado por variáveis simples como hora (maior ou menor fluxo do trânsito) ou data (feriado ou dia da semana), bem como a partir de uma central que, baseado em algoritmos sofisticados, analisa outras informações e variáveis, oriundas de outros semáforos ou de incidentes como uma colisão em ruas próximas, que alteram o fluxo do trânsito. O semáforo faz parte de um serviço de controle de trânsito.

Uma situação interessante, na sua casa, seria o seu despertador checar as condições de tráfico ou clima e atrasar o horário em te acordar em 30 min., a cafeteira atrasaria o café, o aquecedor preparará seu banho também mais tarde etc. É esta conectividade que vem a ser a Internet das Coisas.

Outra aplicação que já vem sendo usada há alguns anos por algumas redes de supermercados na Alemanha e USA (mais recentemente o Pão de Açúcar do Shopping Iguatemi – SP) é o supermercado com caixa inteligente. Nesta aplicação, não será mais necessário que o consumidor retire os produtos do carrinho para pagar a conta, a totalização será automática no caixa, pois os produtos vão portar as etiquetas RFID e, se houver alguma conexão com meios de pagamentos por cartão, o operador do caixa não será mais necessário.

A tecnologia RFID poderá ser utilizada, para controle de estoques em centros de distribuição, controle de estoque e processos em indústrias, entre outras aplicações. Com o custo cada vez mais baixo das etiquetas RFID (da ordem de centavos) a tendência é que, em até 10 anos, o código de barras seja substituído por etiquetas portando RFID, não sendo mais necessários os leitores de código de barras.

Montadoras de automóveis, como a BMW, já embarcam em seus veículos dispositivos com RFID (transceptores) que monitoram condições de funcionamento de partes ou peças do veículo. Desta forma, a empresa pode ter um diagnóstico do veículo e se necessário avisar ao cliente sobre algum problema futuro.

Resumindo, com a evolução da Internet das Coisas a conectividade será total. Esta conectividade estará nas cidades, nos semáforos, nos prédios, no carro, os sinais de trânsito, nos equipamentos biomédicos, nos pontos de qualquer tipo de transporte público (estações, pontos de ônibus, aeroportos, etc.). Sensores que medem informações do ambiente e que as disponibilizam na internet. Softwares poderão ser escritos para ler estes sensores e tomar decisões em função de uma ou mais situações ou medir a evolução da mudança global de temperatura, entre outras.

Na medicina e saúde já há aplicações de medicamentos personalizados para o paciente e que podem ser monitorados no próprio paciente ou tomar pílulas com transceptores de sinal 3G que monitorariam o organismo enviando diagnósticos diretamente para o médico.


O desafio da Segurança

Como dissemos, a Internet das Coisas permitirá que bilhões de “coisas” se conectem. Mas, por outro lado, este mundo interconectado abre novas brechas no quesito segurança. Cada um destes sensores pode ser, potencialmente, um ponto de vulnerabilidade onde um código mal-intencionado pode ser inserido, afetando a segurança dos sistemas e a vida dos cidadãos. Os equipamentos nas pontas, como sensores e outros dispositivos, estavam anteriormente desconectados das redes das empresas. Funcionavam de forma isolada, mas agora, cada vez mais conectados, precisam ser monitorados de perto. Por exemplo, uma rede elétrica inteligente (smart grid) usa chips em todos os seus pontos, da usina aos medidores inteligentes nas residências e edifícios. Todos estes pontos precisam ser mantidos de forma segura, pois um ataque à rede elétrica pode simplesmente paralisar todo um país. Não é impossível imaginar um futuro onde cada sensor terá seu próprio endereço internet e, portanto, poderá ser diretamente acessível. Se deixados desprotegidos, os sensores podem ser um ponto de ataque que chegará ao coração dos sistemas da corporação ou das cidades. Um ataque a uma central de operações que controle todo o trânsito de uma cidade pode gerar um caos de proporção imensurável”.

A área de segurança de TIC deve também se envolver na gestão do ciclo de vida destes equipamentos, ampliando as políticas de segurança de TIC para abranger a tecnologia operacional (TO), ou seja, sensores e dispositivos RFID que agora começam se a conectar a rede da empresa.


Conclusões

A Internet das Coisas é uma revolução tecnológica que representa o futuro da computação e das comunicações, e seu desenvolvimento está diretamente relacionado à dinâmica da inovação tecnológica dentro de importantes campos, dos sensores sem fio (wireless sensors) à nanotecnologia. É um conceito que recebe uma significativa e considerável atenção e suporte dentro da Comissão Européia (CE) com respeito a desenvolvimentos estratégicos na Europa para a Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC) e para a Sociedade da Informação.

A Internet das Coisas tem sido identificada como uma importante força impulsionadora para a Internet do futuro. É foco de conferências presidenciais que abordam o assunto em relação aos sistemas de identificação por radio frequência (RFID). Ela é vista como um dos pilares que suportará a sociedade em rede e estruturada sobre a fundação da futura infraestrutura de rede.

Não se trata mais de futurologia. Já está presente e, estará ainda mais, em poucos anos, presente em todo o ambiente em que relacionamos, seja ele de negócios, pessoal, lazer. Fará parte da nossa vida.

A implantação de uma gestão da inovação vem sendo o grande diferencial competitivo das organizações e a internet, desde seu advento, fez parte desta inovação. Ela evoluiu passando de uma internet “estática” para uma internet “colaborativa” e agora temos a interatividade chegando às coisas. Esta interatividade melhora a nossa qualidade de vida, adicionando “n” possibilidades para o uso na saúde, na melhoria do monitoramento dos serviços públicos (água, gás etc.), na melhoria da urbanização em geral – “cidades inteligentes”, entre outras.

Em suma, já estamos vivendo na época dos “The Jetsons”!

Internet das Coisas: Inovação ou Revolução?


Deixo para você a resposta.










sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Internet das Coisas: um verdadeiro tsunami!

Parte 1

Muito tem se falado sobre as 4 ondas tecnológicas – cloud computing, social business, mobilidade e big data. Mas, um grande tsunami se aproxima e numa velocidade cada vez maior - é a Internet das Coisas ou de Internet de todas as Coisas (IoT).
Por que tsunami? O Tusunami são ondas gigantes que se formam no meio do Oceano. 

No alto mar elas são baixas não passam de 30 cm de altura, mas à medida que se aproximam do litoral perdem velocidade a ganham força e altura, podendo passar dos 20 metros, e com um enorme poder destrutivo. Sua formação pode ser causada pela movimentação da crosta terrestre (terremotos ou vulcões), através dos ventos durante uma tempestade ou por corpos celestes. 

O que vem acontecendo com o avanço tecnológico, numa analogia, é um verdadeiro tsunami. O rápido desenvolvimento das ciências (química, microeletrônica, nanotecnologia, biotecnologia, software, entre outras) implicou diretamente na miniaturização dos chips que influiu diretamente numa queda vertiginosa no custo de fabricação desses componentes e, através de softwares, a cada dia mais inteligência vem sendo incorporada. O investimento no design e na integração de tecnologias diversas (convergência entre voz, dados e imagens) resultaram em equipamentos  cada vez “mais portáteis e amigáveis” e com grande poder computacional (laptops, netbooks, ultrabooks, tablets, smarthphones, entre outros), o que influiu na alavancagem, desenvolvimento e materialização de tecnologias como o Cloud Computing. Todo esse cenário foi propício para acontecer as mudanças comportamentais profundas (redes sociais e mobilidade) que estamos hoje vivenciando. Na prática, todo esse ambiente, foi propício explosão na geração de mais e mais dados, um volume imenso, sendo a grande maioria, não estruturado, principalmente devido à mobilidade. Surge o conceito de big data / analytics. Um novo campo onde dados precisam ser filtrados, analisados e transformados em decisões de negócios. Na minha opinião, a tendência do big data continuará ganhando força, mas os tomadores de decisão devem se preocupar com o fator humano. Aliar insights resultantes da empatia à confiança analítica em mercados-alvo relevantes pode ser uma boa maneira de aproveitar o melhor das duas abordagens de pesquisa.

A internet das coisas está diretamente relacionada a todo esse avanço tecnológico, ao uso cada vez maior dos “chips inteligentes” e em aplicações cada vez mais diversificadas. Essa tecnologia não vai revolucionar somente o mundo da informação, em outras palavras, a forma como os dados são gerados. Vai transformar a maneira como as pessoas lidam com a tecnologia, vindo esta a fazer, como já faz hoje, cada vez mais parte do dia a dia das pessoas. A interação homem com coisa e vice-versa e, e de coisa com coisa, nos abrirá portas para um mundo mais interativo e sustentável. Para darmos uma pequena viajada, imaginem uma planta solicitar a uma torneira que ela precisa de água ou por intermédio de um chip implantado no nosso corpo que, comunicando com um computador central, sinaliza em algum dispositivo mobile do médico que estamos iniciando o desenvolvimento do mal de Alzheimer ou mesmo estamos prestes a enfartar!  Uma das prováveis consequências disso é o prolongamento da vida humana. 

O avanço da IoT está diretamente relacionada ao avanço das ciências (química, microeletrônica, nanotecnologia, biotecnologia, software, entre outras) que permitiu a miniaturização dos chips, a incorporação de inteligência através de softwares e, principalmente, a queda vertiginosa no custo de produção.

Ficção? - Não. Esta realidade vai chegar como um tsunami. 
Preparem-se!

Em 2011, escrevi um artigo titulado: INTERNET DAS COISAS: INOVAÇÃO OU REVOLUÇÃO. Neste artigo falamos um pouco da história, conceituamos e também mostramos sua evolução e desafios. Nas 2 próximas postagens, reproduzirei esse artigo em sua íntegra. De propósito, mantivemos até os exemplos, para que o leitor perceba que há praticamente 4 anos atrás, as pessoas já conviviam com a IoT no seu dia a dia. Tenho certeza que este artigo será de grande valia para os leitores que ainda não estão totalmente familiarizados com essa tecnologia. Posteriormente, publicaremos em qual estágio se encontra a IoT e seus futuros avanços.


INTERNET DAS COISAS: Inovação ou Revolução?

Abstract...

Imagine você chegando em sua casa... Segundos antes seu smartphone conecta-se ao seu portão solicitando a sua abertura automaticamente. O vazio da sua residência passa a ser preenchido pela sua música predileta. O aquecedor é ligado para aquecer a água na temperatura que você gosta. Mais tarde, a campainha toca e você, ao abrir a porta, apenas assina o boleto de confirmação de recebimento da compra de cervejas realizada pela sua geladeira, que procurou o melhor preço e tomou a decisão da compra porque identificou que seu estoque da bebida atingiu o mínino.  Em outra situação seu relógio toma a decisão de retardar sua chamada pela manhã em 1 hora ao identificar que um congestionamento completo no seu percurso devido a um acidente e que o impede de sair. Exagero? Não. Isto é a Internet das Coisas (Internet of Things – IoT). Um conjunto de ações que podem ser realizadas por dispositivos através de tecnologias já existentes como a própria internet, identificações dos próprios objetos através da rádio freqüência, termo em inglês denominado de RFID ou Radio Frequency Identification. A Internet das Coisas já influencia, hoje, de algum modo, a nossa forma de consumir, relacionar, fazer negócios, de ser e de viver etc. Qual será seu impacto daqui para frente? Como aproveitá-la a  favor de nossas vidas e de nossos negócios?

Introdução


Um tempo de convergências! Há alguns anos atrás não imaginaríamos que teríamos voz, dados e imagem utilizando, simultaneamente, uma mesma infraestrutura, p. ex., os smartphones.

Imagine um mundo onde tudo pode ser digital ou analógico, onde os objetos são dotados de sensores inteligentes e na maioria dos produtos de consumo são implantadas etiquetas RFID formando uma rede invisível. Estes minúsculos chips, produzidos em bilhões, podem ser facilmente varridos por dispositivos wireless, conectando-os à internet via seu endereço IP, em outras palavras, teremos objetos – “coisas” conectados com outros objetos, mudando definitivamente a forma de nos relacionar com eles e por que não, a forma destes objetos se comunicarem entre si. Será, e já é, uma nova maneira de comunicação entre Pessoas com “Coisas” e “Coisas” com “Coisas”!

É isto que nos espera nos próximos anos. Uma explosão sem precedentes de objetos inteligentes.  Serão bilhões de produtos dotados com etiquetas RFID, sensores, câmeras e atuadores, fazendo com que tenhamos uma internet com mais coisas que pessoas conectadas. Este artigo busca descrever esta “Internet das Coisas (IoT)” que nos permitirá compreender melhor os complexos sistemas que compõem nossa sociedade, nossas cidades e nosso planeta.

O desafio tecnológico. Um pouco de história...

Há algumas décadas desenhos animados já nos envolviam com a ficção científica. Lembram-se dos “The Jetsons?”. Nele havia carros voadores, conversas envolvendo áudio e vídeo simultaneamente, computadores portáteis, conexões remotas entre pessoas e objetos, etc. Desde a criação das primeiras máquinas eletrônicas (ENIAC – 1948, que pesava 30 toneladas e ocupava um ambiente de 180 metros quadrados! – Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/ENIAC), passando pelo lançamento pela IBM do Personal Computer (IBM PC – agosto/1981) onde, com uma arquitetura simples, democratizou o acesso das pessoas à tecnologia, o homem vem em busca de dotar cada vez mais os computadores não só da capacidade de processar dados e gerar informações, mas também na capacidade de gerar conhecimentos e, por si só, tomar decisões.

Surge então a Inteligência Artificial...

Segundo a Wikipidia, “Inteligência Artificial (IA) é um ramo da ciência da computação que se propõe a elaborar dispositivos que simulem a capacidade humana de raciocinar, perceber, tomar decisões e resolver problemas, enfim, a capacidade de ser inteligente”. Num conceito livre, a IA é o estudo de como fazer os computadores realizarem tarefas em que, no momento, as pessoas realizam com mais eficiência.

Iniciada dos anos 1940, a pesquisa em torno desta incipiente ciência era desenvolvida apenas para procurar encontrar novas funcionalidades para o computador, ainda em projeto. Com o advento da Segunda Guerra Mundial, surgiu também a necessidade de desenvolver a tecnologia para impulsionar a indústria bélica. No final dos anos 50 e início dos anos 60, os cientistas Newell, Simon, e J. C. Shaw introduziram o processamento simbólico. Ao invés de construir sistemas baseados em números, eles tentaram construir sistemas que manipulassem símbolos. A abordagem era poderosa e foi fundamental para muitos trabalhos posteriores.

Com o passar do tempo, surgem várias linhas de estudo da IA, uma delas é a biológica, que estuda o desenvolvimento de conceitos que pretendiam imitar as redes neurais humanas. Na verdade, é nos anos 60 em que esta ciência recebe a alcunha de Inteligência Artificial e os pesquisadores da linha biológica acreditavam ser possível máquinas realizarem tarefas humanas complexas, como raciocinar.

Na ficção, a IA está presente em livros, desenhos animados e filmes. Como exemplos podemos citar o russo Isaac Asimov, autor de histórias de sucesso como -  O Homem Bicentenário e Eu, Robô e o filme AI: Inteligência Artificial, dirigido por Steven Spielberg. Outro lado da moeda mostra como a humanidade pode ser subjugada por máquinas que conseguem pensar como o ser humano e ser mais frias e indiferentes a vida do que seus semelhantes de carne e osso. Nesta linha tivemos exibições como: Matrix, 2001: Uma Odisseia no Espaço e o Exterminador do Futuro.

Voltando ao nosso ponto central, diferentes correntes de pensamento em IA têm estudado formas de estabelecer comportamentos "inteligentes" nas máquinas (coisas). Portanto, o grande desafio das pesquisas em IA, desde a sua criação, pode ser sintetizado com a indagação feita por Minsky em seu livro "Semantic Information Processing - 1968", há mais de trinta anos: "Como fazer as máquinas compreenderem as coisas?”. Hoje os computadores processam informações, geram conhecimentos e tomam decisões a partir destes conhecimentos, atingindo o estágio da sabedoria, como exemplo, previsões probabilísticas. 

A figura abaixo ilustra esta evolução:


O avanço da microeletrônica possibilitou o desenvolvimento de equipamentos totalmente portáteis como os netbooks, tablets e os telefones celulares com acesso à internet (smartphones). Equipamentos estes que, além de nos permitirem irrestrita conectividade, já incluem as chamadas interfaces naturais, ou seja, telas sensíveis ao toque, comando de voz, etc.

Para conseguirmos total conectividade entre os objetos, dispositivos, banco de dados e redes que lidamos no dia a dia, seria necessário um sistema de identificação simples, de baixo custo e que fosse facilmente ajustável às coisas ou fizesse parte delas. Somente assim poderíamos ter os dados das “coisas” coletados e processados. A nanotecnologia e o desenvolvimento de chips cada vez menores e mais inteligentes implicou no desenvolvimento de sensores eletrônicos cada vez mais poderosos e de etiquetas para produtos contendo chips com Identificação por Radio Freqüência (RFID). O RFID nos permite esta funcionalidade. Embutindo inteligência nas “coisas”, os dados coletados nos mostrarão as alterações físicas das “coisas”, através dos sensores eletrônicos. As informações são processadas e devolvidas à rede. 

O Gráfico abaixo ilustra a miniaturização ocorrida que, de certa forma, viabilizou a Internet das Coisas:

Miniaturization towards the Internet of Things
Fonte: ITU “Ubiquitous Network Sociaties and their impact
on the telecommunication industry” -  April 2005 


NOTA:

Na parte 2 deste artigo, falaremos sobre o conceito de IoT, a evolução da internet, o desafio da segurança e conclusões.

Até lá.







terça-feira, 1 de julho de 2014

Inovação Social exige mudanças em modelos de negócios



Normalmente, quando se fala em inovação, a primeira coisa que vem a cabeça é a inovação tecnológica. Se prestarmos atenção na mídia, incentivos e apoios à inovação, quando partem do governo, se referem a algum tipo de inovação tecnológica. Na minha opinião, inovação não é ‘só’ tecnologia, mas ‘também’ tecnologia. Este é um ponto que, oportunamente, quero discutir mais profundamente neste espaço. Por hora, gostaria falar de sobre outro tipo de inovação que, necessariamente, não é inovação tecnológica - a Inovação Social.


O que é a Inovação Social?

Como é comum a todos os novos temas, existem muitas discussões e pontos de vista diferentes sobre a definição do conceito. 

Vários autores definem inovação social como atividades e serviços inovadores criados para 
atender a uma necessidade social e que são desenvolvidas e difundidas por organizações 
com fins sociais. Na Wikipédia, a definição de inovação social é mais abrangente. Refere-se
a novas estratégias, conceitos e organizações que atendem a necessidades sociais de todos os tipos – das condições de trabalho e educação até desenvolvimento de comunidades e saúde - que desenvolvem e fortalecem a sociedade civil (o conceito na íntegra você acessa aqui).

Inovação Social é um termo utilizado para descrever uma nova abordagem às parcerias público-privadas que visam incentivar descobertas de técnicas e metodologias que propiciem verdadeiramente a transformação social. Elas podem ser desenvolvidas com a participação da população e, quando aplicadas no seu cotidiano, vão gerar soluções simples para a transformação social e melhoria das condições de vida.

Um conceito mais simples e amplo inclui todas as inovações que geram impacto socioambiental positivo. Essa definição proposta é baseada na definição de inovação de Schumpeter e que foi aperfeiçoada por outros acadêmicos. O conceito pode ser descrito da seguinte forma: uma ideia implementada para um novo produto, serviço, processo ou sistema que gere transformação social positiva. O conceito é muito abrangente, para maiores detalhes, discussões e exemplos sobre o tema recomendo acessar o site “Social Innovation Exchange”.

O empreendedorismo social não é uma coisa nova. Embora tenha ganhado recentemente ares de novidade, é uma ação que já acontece há muito tempo. Um empreendedor social é, em essência, alguém que desenvolve uma resposta inovadora a um problema social (p. ex., um modelo de negócio para ajudar a combater a pobreza). Há uma década, o termo era muito pouco utilizado. Hoje em dia, em qualquer lugar do mundo, toda pessoa quer ser um deles. As conferências sobre Empreendedorismo Social são, invariavelmente, os eventos com a maior quantidade de estudantes provenientes das melhores escolas de negócios. A ideia por trás disso é que, coisas novas e eficientes podem gerar um aumento radical de produtividade no “setor social”. Um número crescente de empreendedores sociais já deixaram sua marca na inovação social, o mais conhecido é, provavelmente, Muhammad Yunus, economista e banqueiro de Bangladesh, um pequeno e extremamente povoado país asiático. 


“A paz duradoura não pode ser atingida a menos que grandes grupos da população encontrem formas de sair da pobreza”.

Essa é uma das frases atribuídas a Muhammad Yanus, Em 1976 fundou o Grameen de Bangladesh, um banco de microcrédito, em uma pequena aldeia onde o nível de pobreza atingia patamares exorbitantes.
Tinha por objetivos desenvolver melhores formas de crédito para população mais carente, com juros menores e sem garantias; acabar com a atuação de agiotas e oferecer oportunidades de auto-emprego para muitos desempregados na área rural de Bangladesh. Pelo seu projeto, foi contemplado com o Prêmio Nobel da paz do ano de 2006. Outro exemplo que vem de fora e de destaque é Wendy Kopp, o fundador do Teach for America, que coloca milhares de recém-licenciados de universidades para trabalhar como professores em algumas das piores escolas dos EUA.

Os negócios sociais têm contribuído para gerar várias transformações sociais positivas, funcionando, muitas vezes, como uma estratégia para o desenvolvimento sustentável. O cenário colaborativo que vivemos facilita e potencializa muitas ações. A inovação social, quando trabalhada de forma colaborativa, traz uma mudança importante em relação à maneira como o setor público, o setor privado e o terceiro setor atuam, pois ganha-se mais a sinergia entre várias ações. Logo, estabelecendo-se a sinergia e diálogo entre esses setores para cocriar estratégias, cria-se potencial para gerar inovações sociais que vão mudar a nossa forma de trabalhar e atuar na sociedade. A boa notícia é que, atualmente, muitas iniciativas nesta direção têm sido geradas.

As inovações sociais podem buscar soluções para vários desafios, por exemplo, no campo 
socioambiental. Foram apresentadas pelo Greenpeace Brasil no Seminário Social Good Brasil três campanhas (2). Um deles, o Liga das Florestas, é um projeto do Greenpeace juntamente com outras organizações para o lançamento de um projeto de lei popular pelo desmatamento no Brasil. Para apoiar você só precisa assinar a petição no site e, ao fazer isso, poderá compartilhar e estimular seus amigos a assinarem também. Além de colaborar, você estará ajudando a proteger as matas e ainda poderá ganhar prêmios. Os outros dois são, Salve o Ártico  e Deixe As Baleias Namorarem – veja o conceito básico de cada projeto no site.

Hoje estamos vivenciando grandes transformações tecnológicas. Temos que tirar proveito disso para alavancar iniciativas visando contribuir para gerar transformações sociais positivas. Usar as tecnologias atuais e o pensamento inovador para, de alguma forma, atuar proativamente no meio e no ambiente que vivemos e assim ajudar a melhorar o mundo. Hoje, o Brasil é considerado a capital das mídias sociais, segundo publicado na revista Forbes por Ryan Holmes, CEO of Hootsuite (para ver a reportagem na íntegra clique aqui). Neste mundo horizontal, a revolução digital (Plataformas sociais, Mobilidade, Cloud computing, Big data e Internet of things) que vem acontecendo lá fora está, simultaneamente, acontecendo aqui. Para se ter uma ideia, segundo pesquisa do CETIC.br (3), em 2013, o Brasil tinha 85,9 milhões de usuários de Internet e para 2014 a previsão é que mais da metade da população brasileira acesse a rede (mais de 100 milhões de pessoas!). Em se tratando da mobilidade, segundo a analista do Wall Street, Mary Meeker, o país ocupa o quarto lugar do mundo em número de smartphones, só ficando atrás de China, Estados Unidos e Japão, totalizando mais de 70 milhões de aparelhos no país (veja aqui).




Ainda sobre a pesquisa do CETIC.br, a maioria dos domicílios sem acesso à Internet estão em regiões com baixo IDH e em áreas rurais. As desigualdades por classe social e área geográfica persistem: na classe A, a proporção de domicílios com acesso à Internet é de 98%; na classe B, 80%; na classe C, 39%; e nas classes D e E, 8%. Nas áreas urbanas, a proporção de domicílios com acesso à Internet é de 48%, enquanto nas áreas rurais é de 15%. Além do constatado na pesquisa, é muito triste vivermos em um país conectado, mas, infelizmente, ainda com muitos problemas sociais, com números e estatísticas que não causariam inveja a nenhuma outra nação. Com 16 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza, somos o décimo país com maior desigualdade social no mundo e o quarto mais desigual na América Latina, segundo o relatório do programa das Nações Unidas para Assentamento Humano 2012 – ONU-HABITAT. Acontecem por ano nada menos que 21 mil km2 de desmatamentos (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE) e o número de homicídios em 2011 chegou a 52,2 mil (mapa da violência 2013).

O mais animador é que os brasileiros já estão utilizando as novas tecnologias e as novas mídias para colaborar na solução destes problemas. Iniciativas como o “Vem Pra Rua” (#vemprarua) foi um exemplo disso. Uma pesquisa realizada em agosto/13 apontou que 95% dos entrevistados acham que o movimento foi motivado pelas redes sociais, assim como, a iniciativa O Sonho Brasileiro que busca acordar o Brasil de dentro pra fora através de sonhos realizáveis que gerem um impacto positivo na vida dos brasileiros. Dados do portal mostram que 50% dos jovens se sentem mais conectados com pensamentos coletivos que individualistas e que dois milhões de jovens estão realizando ações para mudar sua realidade. A pesquisa de persuasão digital da George Town University comprova que o uso de tecnologias e das mídias sociais colaboram na mudança da sociedade. Na pesquisa, 75% das pessoas acreditam que influenciam amigos e a sua família sobre causas sociais usando mídias sociais, 64% apoiam causas sociais online porque leva menos tempo e 56% acham que a disseminação por mídias sociais é mais rápida que por outro meio. 

Percebendo essas oportunidades, algumas empresas têm estabelecido iniciativas para fomentar a inovação social no Brasil. Nesta linha, a gigante da tecnologia Google lança o Desafio de Impacto Social Google Brasil para incentivar a inovação social no Brasil. O projeto visa solucionar problemas sociais e gerar impacto através da incorporação da tecnologia na busca por soluções. Na primeira fase foram selecionadas 10 empresas, entre as quais 4 receberão como premiação 1 milhão de reais para serem utilizados no escalonamento dos projetos. Quatro projetos foram selecionados por um corpo de jurados: Meu Rio, Conservation International do Brasil, Instituto Zero a Seis e Geledés Instituto da Mulher Negra. Este último foi eleito com 475 mil votos (votação aberta pela Internet) como projeto favorito do público, que desenvolverá um app com recursos como a geolocalização para apoiar mulheres em situação de vulnerabilidade à violência doméstica. 

Outra empresa modelo no setor de Inovação Social é a 3M do Brasil. Ela criou o Instituto 3M de Inovação Social cujo objetivo é incentivar e investir em pesquisas que tragam soluções efetivas para o desenvolvimento social; tem o compromisso de divulgar e efetivar a aplicação das suas descobertas em comunidades carentes. Os desafios do Instituto 3M estão contidos na 8ª meta do milênio “Todo mundo trabalhando para o desenvolvimento”; suas práticas motivam a produção do conhecimento, dos estudos científicos e a formação de redes de relacionamentos entre estudantes, jornalistas e "tresemistas" na busca de descobertas de soluções sociais.

As inciativas não param. O Portal Social Good Brasil traz vários dos dados aqui citados, sendo também referência para quem acredita na inovação social através do uso das novas tecnologias.

Concluindo, as transformações tecnológicas e seus impactos, destacando-se a popularização das plataformas sociais e dos dispositivos móveis mudaram drasticamente a maneira como empresas e as pessoas se comportam. Na minha visão, os movimentos sociais que surgiram ainda são embrionários e não atingiram ainda todo o tecido social. No tocante ao empreendedorismo social, o problema está na velocidade e na escala. Inovações bem sucedidas, quando se propagam, se propagam muito lentamente, já tendo melhorado muito com a difusão das mídias sociais. Para as organizações, uma revisão no modelo de negócio é um dever de casa que deve ser realizado o mais rápido possível. Como as empresas vão, de alguma forma, liderar e/ou apoiar iniciativas voltadas à inovação social é uma questão a ser respondida. 

Interessado em praticar a Inovação Social? Aqui vão algumas dicas para você colocar em prática seu espirito de empreendedorismo social (4):




1. Seja Mentor de um Inovador Social (ou mais). Ofereça seu conhecimento e experiência profissional para ajudar a um jovem empreendedor social.
2. Contribua com suas ideias inovadoras inscrevendo-se em uma das organizações que promovem Inovação Social na sua cidade ou região.
3. Ofereça seu tempo disponível como voluntário para um projeto de Inovação Social de impacto para a sua comunidade.
4. Faça uma doação à entidades que promovem a Inovação Social.
5. Mantenha-se informado seguindo inovadores sociais no Twitter e no Facebook ou assinando newsletters de Inovação Social.

Notas e Referências:

(1) Nossa sociedade está organizada juridicamente em três setores conforme o estabelecido na Constituição Federativa Brasileira. O Primeiro Setor (Público) abrange as instituições públicas das três esferas governamentais, quais sejam, Municipal, Estadual e Federal. O Segundo Setor (Privado) inclui as empresas em geral, nos segmentos: Indústria, Comércio e Serviços. O Terceiro Setor está inserido no setor social, que é composto por instituições organizadas pela sociedade civil na busca de seus direitos ou de suas necessidades.

(2) Amanda Fazano representou Greenpeace Brasil no Seminário Social Good Brasil, onde falou sobre mobilização de pessoas e recursos para ONGs. Maiores detalhes ações que envolvam mobilização social pela Internet recomendo acessar o Portal Voluntários Online: http://www.voluntariosonline.org.br/publica/index.jsf

(3) Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br), órgão ligado ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). 
http://idgnow.com.br/internet/2014/06/26/mais-de-metade-da-populacao-brasileira-e-usuaria-de-internet-afirma-nic.br/

(4) Segundo Alexis Gonçalves, que é membro do Conselho Diretivo da American Society for
Quality e autor dos livros "Innovation Hardwired” e “Herramientas Avanzadas de Innovación”.