sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Internet das Coisas: um verdadeiro tsunami!

Parte 1

Muito tem se falado sobre as 4 ondas tecnológicas – cloud computing, social business, mobilidade e big data. Mas, um grande tsunami se aproxima e numa velocidade cada vez maior - é a Internet das Coisas ou de Internet de todas as Coisas (IoT).
Por que tsunami? O Tusunami são ondas gigantes que se formam no meio do Oceano. 

No alto mar elas são baixas não passam de 30 cm de altura, mas à medida que se aproximam do litoral perdem velocidade a ganham força e altura, podendo passar dos 20 metros, e com um enorme poder destrutivo. Sua formação pode ser causada pela movimentação da crosta terrestre (terremotos ou vulcões), através dos ventos durante uma tempestade ou por corpos celestes. 

O que vem acontecendo com o avanço tecnológico, numa analogia, é um verdadeiro tsunami. O rápido desenvolvimento das ciências (química, microeletrônica, nanotecnologia, biotecnologia, software, entre outras) implicou diretamente na miniaturização dos chips que influiu diretamente numa queda vertiginosa no custo de fabricação desses componentes e, através de softwares, a cada dia mais inteligência vem sendo incorporada. O investimento no design e na integração de tecnologias diversas (convergência entre voz, dados e imagens) resultaram em equipamentos  cada vez “mais portáteis e amigáveis” e com grande poder computacional (laptops, netbooks, ultrabooks, tablets, smarthphones, entre outros), o que influiu na alavancagem, desenvolvimento e materialização de tecnologias como o Cloud Computing. Todo esse cenário foi propício para acontecer as mudanças comportamentais profundas (redes sociais e mobilidade) que estamos hoje vivenciando. Na prática, todo esse ambiente, foi propício explosão na geração de mais e mais dados, um volume imenso, sendo a grande maioria, não estruturado, principalmente devido à mobilidade. Surge o conceito de big data / analytics. Um novo campo onde dados precisam ser filtrados, analisados e transformados em decisões de negócios. Na minha opinião, a tendência do big data continuará ganhando força, mas os tomadores de decisão devem se preocupar com o fator humano. Aliar insights resultantes da empatia à confiança analítica em mercados-alvo relevantes pode ser uma boa maneira de aproveitar o melhor das duas abordagens de pesquisa.

A internet das coisas está diretamente relacionada a todo esse avanço tecnológico, ao uso cada vez maior dos “chips inteligentes” e em aplicações cada vez mais diversificadas. Essa tecnologia não vai revolucionar somente o mundo da informação, em outras palavras, a forma como os dados são gerados. Vai transformar a maneira como as pessoas lidam com a tecnologia, vindo esta a fazer, como já faz hoje, cada vez mais parte do dia a dia das pessoas. A interação homem com coisa e vice-versa e, e de coisa com coisa, nos abrirá portas para um mundo mais interativo e sustentável. Para darmos uma pequena viajada, imaginem uma planta solicitar a uma torneira que ela precisa de água ou por intermédio de um chip implantado no nosso corpo que, comunicando com um computador central, sinaliza em algum dispositivo mobile do médico que estamos iniciando o desenvolvimento do mal de Alzheimer ou mesmo estamos prestes a enfartar!  Uma das prováveis consequências disso é o prolongamento da vida humana. 

O avanço da IoT está diretamente relacionada ao avanço das ciências (química, microeletrônica, nanotecnologia, biotecnologia, software, entre outras) que permitiu a miniaturização dos chips, a incorporação de inteligência através de softwares e, principalmente, a queda vertiginosa no custo de produção.

Ficção? - Não. Esta realidade vai chegar como um tsunami. 
Preparem-se!

Em 2011, escrevi um artigo titulado: INTERNET DAS COISAS: INOVAÇÃO OU REVOLUÇÃO. Neste artigo falamos um pouco da história, conceituamos e também mostramos sua evolução e desafios. Nas 2 próximas postagens, reproduzirei esse artigo em sua íntegra. De propósito, mantivemos até os exemplos, para que o leitor perceba que há praticamente 4 anos atrás, as pessoas já conviviam com a IoT no seu dia a dia. Tenho certeza que este artigo será de grande valia para os leitores que ainda não estão totalmente familiarizados com essa tecnologia. Posteriormente, publicaremos em qual estágio se encontra a IoT e seus futuros avanços.


INTERNET DAS COISAS: Inovação ou Revolução?

Abstract...

Imagine você chegando em sua casa... Segundos antes seu smartphone conecta-se ao seu portão solicitando a sua abertura automaticamente. O vazio da sua residência passa a ser preenchido pela sua música predileta. O aquecedor é ligado para aquecer a água na temperatura que você gosta. Mais tarde, a campainha toca e você, ao abrir a porta, apenas assina o boleto de confirmação de recebimento da compra de cervejas realizada pela sua geladeira, que procurou o melhor preço e tomou a decisão da compra porque identificou que seu estoque da bebida atingiu o mínino.  Em outra situação seu relógio toma a decisão de retardar sua chamada pela manhã em 1 hora ao identificar que um congestionamento completo no seu percurso devido a um acidente e que o impede de sair. Exagero? Não. Isto é a Internet das Coisas (Internet of Things – IoT). Um conjunto de ações que podem ser realizadas por dispositivos através de tecnologias já existentes como a própria internet, identificações dos próprios objetos através da rádio freqüência, termo em inglês denominado de RFID ou Radio Frequency Identification. A Internet das Coisas já influencia, hoje, de algum modo, a nossa forma de consumir, relacionar, fazer negócios, de ser e de viver etc. Qual será seu impacto daqui para frente? Como aproveitá-la a  favor de nossas vidas e de nossos negócios?

Introdução


Um tempo de convergências! Há alguns anos atrás não imaginaríamos que teríamos voz, dados e imagem utilizando, simultaneamente, uma mesma infraestrutura, p. ex., os smartphones.

Imagine um mundo onde tudo pode ser digital ou analógico, onde os objetos são dotados de sensores inteligentes e na maioria dos produtos de consumo são implantadas etiquetas RFID formando uma rede invisível. Estes minúsculos chips, produzidos em bilhões, podem ser facilmente varridos por dispositivos wireless, conectando-os à internet via seu endereço IP, em outras palavras, teremos objetos – “coisas” conectados com outros objetos, mudando definitivamente a forma de nos relacionar com eles e por que não, a forma destes objetos se comunicarem entre si. Será, e já é, uma nova maneira de comunicação entre Pessoas com “Coisas” e “Coisas” com “Coisas”!

É isto que nos espera nos próximos anos. Uma explosão sem precedentes de objetos inteligentes.  Serão bilhões de produtos dotados com etiquetas RFID, sensores, câmeras e atuadores, fazendo com que tenhamos uma internet com mais coisas que pessoas conectadas. Este artigo busca descrever esta “Internet das Coisas (IoT)” que nos permitirá compreender melhor os complexos sistemas que compõem nossa sociedade, nossas cidades e nosso planeta.

O desafio tecnológico. Um pouco de história...

Há algumas décadas desenhos animados já nos envolviam com a ficção científica. Lembram-se dos “The Jetsons?”. Nele havia carros voadores, conversas envolvendo áudio e vídeo simultaneamente, computadores portáteis, conexões remotas entre pessoas e objetos, etc. Desde a criação das primeiras máquinas eletrônicas (ENIAC – 1948, que pesava 30 toneladas e ocupava um ambiente de 180 metros quadrados! – Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/ENIAC), passando pelo lançamento pela IBM do Personal Computer (IBM PC – agosto/1981) onde, com uma arquitetura simples, democratizou o acesso das pessoas à tecnologia, o homem vem em busca de dotar cada vez mais os computadores não só da capacidade de processar dados e gerar informações, mas também na capacidade de gerar conhecimentos e, por si só, tomar decisões.

Surge então a Inteligência Artificial...

Segundo a Wikipidia, “Inteligência Artificial (IA) é um ramo da ciência da computação que se propõe a elaborar dispositivos que simulem a capacidade humana de raciocinar, perceber, tomar decisões e resolver problemas, enfim, a capacidade de ser inteligente”. Num conceito livre, a IA é o estudo de como fazer os computadores realizarem tarefas em que, no momento, as pessoas realizam com mais eficiência.

Iniciada dos anos 1940, a pesquisa em torno desta incipiente ciência era desenvolvida apenas para procurar encontrar novas funcionalidades para o computador, ainda em projeto. Com o advento da Segunda Guerra Mundial, surgiu também a necessidade de desenvolver a tecnologia para impulsionar a indústria bélica. No final dos anos 50 e início dos anos 60, os cientistas Newell, Simon, e J. C. Shaw introduziram o processamento simbólico. Ao invés de construir sistemas baseados em números, eles tentaram construir sistemas que manipulassem símbolos. A abordagem era poderosa e foi fundamental para muitos trabalhos posteriores.

Com o passar do tempo, surgem várias linhas de estudo da IA, uma delas é a biológica, que estuda o desenvolvimento de conceitos que pretendiam imitar as redes neurais humanas. Na verdade, é nos anos 60 em que esta ciência recebe a alcunha de Inteligência Artificial e os pesquisadores da linha biológica acreditavam ser possível máquinas realizarem tarefas humanas complexas, como raciocinar.

Na ficção, a IA está presente em livros, desenhos animados e filmes. Como exemplos podemos citar o russo Isaac Asimov, autor de histórias de sucesso como -  O Homem Bicentenário e Eu, Robô e o filme AI: Inteligência Artificial, dirigido por Steven Spielberg. Outro lado da moeda mostra como a humanidade pode ser subjugada por máquinas que conseguem pensar como o ser humano e ser mais frias e indiferentes a vida do que seus semelhantes de carne e osso. Nesta linha tivemos exibições como: Matrix, 2001: Uma Odisseia no Espaço e o Exterminador do Futuro.

Voltando ao nosso ponto central, diferentes correntes de pensamento em IA têm estudado formas de estabelecer comportamentos "inteligentes" nas máquinas (coisas). Portanto, o grande desafio das pesquisas em IA, desde a sua criação, pode ser sintetizado com a indagação feita por Minsky em seu livro "Semantic Information Processing - 1968", há mais de trinta anos: "Como fazer as máquinas compreenderem as coisas?”. Hoje os computadores processam informações, geram conhecimentos e tomam decisões a partir destes conhecimentos, atingindo o estágio da sabedoria, como exemplo, previsões probabilísticas. 

A figura abaixo ilustra esta evolução:


O avanço da microeletrônica possibilitou o desenvolvimento de equipamentos totalmente portáteis como os netbooks, tablets e os telefones celulares com acesso à internet (smartphones). Equipamentos estes que, além de nos permitirem irrestrita conectividade, já incluem as chamadas interfaces naturais, ou seja, telas sensíveis ao toque, comando de voz, etc.

Para conseguirmos total conectividade entre os objetos, dispositivos, banco de dados e redes que lidamos no dia a dia, seria necessário um sistema de identificação simples, de baixo custo e que fosse facilmente ajustável às coisas ou fizesse parte delas. Somente assim poderíamos ter os dados das “coisas” coletados e processados. A nanotecnologia e o desenvolvimento de chips cada vez menores e mais inteligentes implicou no desenvolvimento de sensores eletrônicos cada vez mais poderosos e de etiquetas para produtos contendo chips com Identificação por Radio Freqüência (RFID). O RFID nos permite esta funcionalidade. Embutindo inteligência nas “coisas”, os dados coletados nos mostrarão as alterações físicas das “coisas”, através dos sensores eletrônicos. As informações são processadas e devolvidas à rede. 

O Gráfico abaixo ilustra a miniaturização ocorrida que, de certa forma, viabilizou a Internet das Coisas:

Miniaturization towards the Internet of Things
Fonte: ITU “Ubiquitous Network Sociaties and their impact
on the telecommunication industry” -  April 2005 


NOTA:

Na parte 2 deste artigo, falaremos sobre o conceito de IoT, a evolução da internet, o desafio da segurança e conclusões.

Até lá.







terça-feira, 1 de julho de 2014

Inovação Social exige mudanças em modelos de negócios



Normalmente, quando se fala em inovação, a primeira coisa que vem a cabeça é a inovação tecnológica. Se prestarmos atenção na mídia, incentivos e apoios à inovação, quando partem do governo, se referem a algum tipo de inovação tecnológica. Na minha opinião, inovação não é ‘só’ tecnologia, mas ‘também’ tecnologia. Este é um ponto que, oportunamente, quero discutir mais profundamente neste espaço. Por hora, gostaria falar de sobre outro tipo de inovação que, necessariamente, não é inovação tecnológica - a Inovação Social.


O que é a Inovação Social?

Como é comum a todos os novos temas, existem muitas discussões e pontos de vista diferentes sobre a definição do conceito. 

Vários autores definem inovação social como atividades e serviços inovadores criados para 
atender a uma necessidade social e que são desenvolvidas e difundidas por organizações 
com fins sociais. Na Wikipédia, a definição de inovação social é mais abrangente. Refere-se
a novas estratégias, conceitos e organizações que atendem a necessidades sociais de todos os tipos – das condições de trabalho e educação até desenvolvimento de comunidades e saúde - que desenvolvem e fortalecem a sociedade civil (o conceito na íntegra você acessa aqui).

Inovação Social é um termo utilizado para descrever uma nova abordagem às parcerias público-privadas que visam incentivar descobertas de técnicas e metodologias que propiciem verdadeiramente a transformação social. Elas podem ser desenvolvidas com a participação da população e, quando aplicadas no seu cotidiano, vão gerar soluções simples para a transformação social e melhoria das condições de vida.

Um conceito mais simples e amplo inclui todas as inovações que geram impacto socioambiental positivo. Essa definição proposta é baseada na definição de inovação de Schumpeter e que foi aperfeiçoada por outros acadêmicos. O conceito pode ser descrito da seguinte forma: uma ideia implementada para um novo produto, serviço, processo ou sistema que gere transformação social positiva. O conceito é muito abrangente, para maiores detalhes, discussões e exemplos sobre o tema recomendo acessar o site “Social Innovation Exchange”.

O empreendedorismo social não é uma coisa nova. Embora tenha ganhado recentemente ares de novidade, é uma ação que já acontece há muito tempo. Um empreendedor social é, em essência, alguém que desenvolve uma resposta inovadora a um problema social (p. ex., um modelo de negócio para ajudar a combater a pobreza). Há uma década, o termo era muito pouco utilizado. Hoje em dia, em qualquer lugar do mundo, toda pessoa quer ser um deles. As conferências sobre Empreendedorismo Social são, invariavelmente, os eventos com a maior quantidade de estudantes provenientes das melhores escolas de negócios. A ideia por trás disso é que, coisas novas e eficientes podem gerar um aumento radical de produtividade no “setor social”. Um número crescente de empreendedores sociais já deixaram sua marca na inovação social, o mais conhecido é, provavelmente, Muhammad Yunus, economista e banqueiro de Bangladesh, um pequeno e extremamente povoado país asiático. 


“A paz duradoura não pode ser atingida a menos que grandes grupos da população encontrem formas de sair da pobreza”.

Essa é uma das frases atribuídas a Muhammad Yanus, Em 1976 fundou o Grameen de Bangladesh, um banco de microcrédito, em uma pequena aldeia onde o nível de pobreza atingia patamares exorbitantes.
Tinha por objetivos desenvolver melhores formas de crédito para população mais carente, com juros menores e sem garantias; acabar com a atuação de agiotas e oferecer oportunidades de auto-emprego para muitos desempregados na área rural de Bangladesh. Pelo seu projeto, foi contemplado com o Prêmio Nobel da paz do ano de 2006. Outro exemplo que vem de fora e de destaque é Wendy Kopp, o fundador do Teach for America, que coloca milhares de recém-licenciados de universidades para trabalhar como professores em algumas das piores escolas dos EUA.

Os negócios sociais têm contribuído para gerar várias transformações sociais positivas, funcionando, muitas vezes, como uma estratégia para o desenvolvimento sustentável. O cenário colaborativo que vivemos facilita e potencializa muitas ações. A inovação social, quando trabalhada de forma colaborativa, traz uma mudança importante em relação à maneira como o setor público, o setor privado e o terceiro setor atuam, pois ganha-se mais a sinergia entre várias ações. Logo, estabelecendo-se a sinergia e diálogo entre esses setores para cocriar estratégias, cria-se potencial para gerar inovações sociais que vão mudar a nossa forma de trabalhar e atuar na sociedade. A boa notícia é que, atualmente, muitas iniciativas nesta direção têm sido geradas.

As inovações sociais podem buscar soluções para vários desafios, por exemplo, no campo 
socioambiental. Foram apresentadas pelo Greenpeace Brasil no Seminário Social Good Brasil três campanhas (2). Um deles, o Liga das Florestas, é um projeto do Greenpeace juntamente com outras organizações para o lançamento de um projeto de lei popular pelo desmatamento no Brasil. Para apoiar você só precisa assinar a petição no site e, ao fazer isso, poderá compartilhar e estimular seus amigos a assinarem também. Além de colaborar, você estará ajudando a proteger as matas e ainda poderá ganhar prêmios. Os outros dois são, Salve o Ártico  e Deixe As Baleias Namorarem – veja o conceito básico de cada projeto no site.

Hoje estamos vivenciando grandes transformações tecnológicas. Temos que tirar proveito disso para alavancar iniciativas visando contribuir para gerar transformações sociais positivas. Usar as tecnologias atuais e o pensamento inovador para, de alguma forma, atuar proativamente no meio e no ambiente que vivemos e assim ajudar a melhorar o mundo. Hoje, o Brasil é considerado a capital das mídias sociais, segundo publicado na revista Forbes por Ryan Holmes, CEO of Hootsuite (para ver a reportagem na íntegra clique aqui). Neste mundo horizontal, a revolução digital (Plataformas sociais, Mobilidade, Cloud computing, Big data e Internet of things) que vem acontecendo lá fora está, simultaneamente, acontecendo aqui. Para se ter uma ideia, segundo pesquisa do CETIC.br (3), em 2013, o Brasil tinha 85,9 milhões de usuários de Internet e para 2014 a previsão é que mais da metade da população brasileira acesse a rede (mais de 100 milhões de pessoas!). Em se tratando da mobilidade, segundo a analista do Wall Street, Mary Meeker, o país ocupa o quarto lugar do mundo em número de smartphones, só ficando atrás de China, Estados Unidos e Japão, totalizando mais de 70 milhões de aparelhos no país (veja aqui).




Ainda sobre a pesquisa do CETIC.br, a maioria dos domicílios sem acesso à Internet estão em regiões com baixo IDH e em áreas rurais. As desigualdades por classe social e área geográfica persistem: na classe A, a proporção de domicílios com acesso à Internet é de 98%; na classe B, 80%; na classe C, 39%; e nas classes D e E, 8%. Nas áreas urbanas, a proporção de domicílios com acesso à Internet é de 48%, enquanto nas áreas rurais é de 15%. Além do constatado na pesquisa, é muito triste vivermos em um país conectado, mas, infelizmente, ainda com muitos problemas sociais, com números e estatísticas que não causariam inveja a nenhuma outra nação. Com 16 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza, somos o décimo país com maior desigualdade social no mundo e o quarto mais desigual na América Latina, segundo o relatório do programa das Nações Unidas para Assentamento Humano 2012 – ONU-HABITAT. Acontecem por ano nada menos que 21 mil km2 de desmatamentos (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE) e o número de homicídios em 2011 chegou a 52,2 mil (mapa da violência 2013).

O mais animador é que os brasileiros já estão utilizando as novas tecnologias e as novas mídias para colaborar na solução destes problemas. Iniciativas como o “Vem Pra Rua” (#vemprarua) foi um exemplo disso. Uma pesquisa realizada em agosto/13 apontou que 95% dos entrevistados acham que o movimento foi motivado pelas redes sociais, assim como, a iniciativa O Sonho Brasileiro que busca acordar o Brasil de dentro pra fora através de sonhos realizáveis que gerem um impacto positivo na vida dos brasileiros. Dados do portal mostram que 50% dos jovens se sentem mais conectados com pensamentos coletivos que individualistas e que dois milhões de jovens estão realizando ações para mudar sua realidade. A pesquisa de persuasão digital da George Town University comprova que o uso de tecnologias e das mídias sociais colaboram na mudança da sociedade. Na pesquisa, 75% das pessoas acreditam que influenciam amigos e a sua família sobre causas sociais usando mídias sociais, 64% apoiam causas sociais online porque leva menos tempo e 56% acham que a disseminação por mídias sociais é mais rápida que por outro meio. 

Percebendo essas oportunidades, algumas empresas têm estabelecido iniciativas para fomentar a inovação social no Brasil. Nesta linha, a gigante da tecnologia Google lança o Desafio de Impacto Social Google Brasil para incentivar a inovação social no Brasil. O projeto visa solucionar problemas sociais e gerar impacto através da incorporação da tecnologia na busca por soluções. Na primeira fase foram selecionadas 10 empresas, entre as quais 4 receberão como premiação 1 milhão de reais para serem utilizados no escalonamento dos projetos. Quatro projetos foram selecionados por um corpo de jurados: Meu Rio, Conservation International do Brasil, Instituto Zero a Seis e Geledés Instituto da Mulher Negra. Este último foi eleito com 475 mil votos (votação aberta pela Internet) como projeto favorito do público, que desenvolverá um app com recursos como a geolocalização para apoiar mulheres em situação de vulnerabilidade à violência doméstica. 

Outra empresa modelo no setor de Inovação Social é a 3M do Brasil. Ela criou o Instituto 3M de Inovação Social cujo objetivo é incentivar e investir em pesquisas que tragam soluções efetivas para o desenvolvimento social; tem o compromisso de divulgar e efetivar a aplicação das suas descobertas em comunidades carentes. Os desafios do Instituto 3M estão contidos na 8ª meta do milênio “Todo mundo trabalhando para o desenvolvimento”; suas práticas motivam a produção do conhecimento, dos estudos científicos e a formação de redes de relacionamentos entre estudantes, jornalistas e "tresemistas" na busca de descobertas de soluções sociais.

As inciativas não param. O Portal Social Good Brasil traz vários dos dados aqui citados, sendo também referência para quem acredita na inovação social através do uso das novas tecnologias.

Concluindo, as transformações tecnológicas e seus impactos, destacando-se a popularização das plataformas sociais e dos dispositivos móveis mudaram drasticamente a maneira como empresas e as pessoas se comportam. Na minha visão, os movimentos sociais que surgiram ainda são embrionários e não atingiram ainda todo o tecido social. No tocante ao empreendedorismo social, o problema está na velocidade e na escala. Inovações bem sucedidas, quando se propagam, se propagam muito lentamente, já tendo melhorado muito com a difusão das mídias sociais. Para as organizações, uma revisão no modelo de negócio é um dever de casa que deve ser realizado o mais rápido possível. Como as empresas vão, de alguma forma, liderar e/ou apoiar iniciativas voltadas à inovação social é uma questão a ser respondida. 

Interessado em praticar a Inovação Social? Aqui vão algumas dicas para você colocar em prática seu espirito de empreendedorismo social (4):




1. Seja Mentor de um Inovador Social (ou mais). Ofereça seu conhecimento e experiência profissional para ajudar a um jovem empreendedor social.
2. Contribua com suas ideias inovadoras inscrevendo-se em uma das organizações que promovem Inovação Social na sua cidade ou região.
3. Ofereça seu tempo disponível como voluntário para um projeto de Inovação Social de impacto para a sua comunidade.
4. Faça uma doação à entidades que promovem a Inovação Social.
5. Mantenha-se informado seguindo inovadores sociais no Twitter e no Facebook ou assinando newsletters de Inovação Social.

Notas e Referências:

(1) Nossa sociedade está organizada juridicamente em três setores conforme o estabelecido na Constituição Federativa Brasileira. O Primeiro Setor (Público) abrange as instituições públicas das três esferas governamentais, quais sejam, Municipal, Estadual e Federal. O Segundo Setor (Privado) inclui as empresas em geral, nos segmentos: Indústria, Comércio e Serviços. O Terceiro Setor está inserido no setor social, que é composto por instituições organizadas pela sociedade civil na busca de seus direitos ou de suas necessidades.

(2) Amanda Fazano representou Greenpeace Brasil no Seminário Social Good Brasil, onde falou sobre mobilização de pessoas e recursos para ONGs. Maiores detalhes ações que envolvam mobilização social pela Internet recomendo acessar o Portal Voluntários Online: http://www.voluntariosonline.org.br/publica/index.jsf

(3) Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br), órgão ligado ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). 
http://idgnow.com.br/internet/2014/06/26/mais-de-metade-da-populacao-brasileira-e-usuaria-de-internet-afirma-nic.br/

(4) Segundo Alexis Gonçalves, que é membro do Conselho Diretivo da American Society for
Quality e autor dos livros "Innovation Hardwired” e “Herramientas Avanzadas de Innovación”.









terça-feira, 18 de março de 2014

QUER INOVAR NA GESTÃO DE PROJETOS? ENTENDA E VALORIZE AS PESSOAS

Três cenários que se apresentam no atual ambiente de negócios produzem impactos importantes na gestão de projetos: o cenário social vivido pelas organizações que levam em conta negócios globais, diferentes culturas, regulamentações socioambientais locais e mundiais; o  cenário econômico, ambiente que hoje inclui as crises europeias (instabilidade econômica e desemprego – principalmente na Grécia, Egito, Portugal e Espanha e, mais recentemente o conflito entre a Rússia e Ucrânia), força das economias emergentes, a inovação como ponto focal para alavancar a competitividade de empresas e nações, entre outros. Por fim, o cenário comportamental, onde se destaca a mudança drástica na maneira como os relacionamentos estão se processando, não importando se estes são pessoa-pessoa, pessoa-empresa, pessoa-coisas ou até coisas-coisas (veja artigo “Internet das Coisas” acessando aqui). Enfim, após a popularização das redes sociais, estamos inseridos num ambiente de intensa colaboração onde a co-criação ganha mais e mais relevância, passando a utilizar o processo criativo e inovativo de toda a cadeia de valor das empresas (colaboradores, clientes, parceiros, comunidade etc.). Em outras palavras, exercitando a inovação aberta (open innovation).

            Em décadas passadas, “trabalho em equipe” era uma habilidade fundamental para a avaliação de desempenho dos profissionais. Hoje, a tecnologia proporcionou uma revolução no modo de ser, viver, agir e até de pensar. Vive-se uma época de intensa colaboração. Para as empresas o chamado “trabalho em equipe” já faz parte do DNA dos profissionais que vivenciam o mundo da colaboração, muitos deles pertencentes às gerações Y e Z.

É sabido que ferramentas e um ambiente propício para apoio aos processos de negócio em todos os sentidos, as empresas os tem. Então, por que ainda se observam desempenhos excepcionais, medianos e pífios em determinadas empresas, setores, departamentos e mesmo na gestão de um projeto qualquer?

Existem diversas justificativas para isso, mas, inegavelmente os resultados dependem da atitude das Pessoas. Não apenas de pessoas competentes, mas sim de pessoas felizes no que fazem. Para isso, é necessário colocar pessoas certas nos lugares certos. O que queremos é discutir exatamente este ponto. Partimos do pressuposto que de pessoas felizes são pessoas motivadas, que sabem liderar e ser lideradas, portanto têm mais condições de ser inovadoras e acima de tudo conseguem, literalmente, engajar-se, qualquer que seja sua função dentro da empresa ou numa equipe de gestão de um projeto.

A gestão de projetos e seus atores

Em virtude de todo esse conjunto de mudanças, alguns fatores críticos ou exigências para o sucesso se destacam: a agilidade, a capacidade de adaptação, o poder de inovar de forma rápida e eficiente e o potencial de aprimoramento contínuo sob grandes restrições de recursos. Em resposta a essas exigências, fortalecem-se os sistemas de gerenciamento de projetos, como forma de gerir os empreendimentos temporários, únicos e multifuncionais, que caracterizam o processo de implementação de estratégias, inovação, adaptação e aprimoramento.

As ações de implementação da estratégia sempre podem ser traduzidas em projetos e administradas como tal, com prazo, escopo, produtos e qualidade definidos. Segundo o Project Management Institute – PMI®, “Projeto é um empreendimento temporário realizado de forma progressiva para criar um produto ou serviço único.” Por serem temporários, os projetos têm, obrigatoriamente, início e término definidos, diferenciando-se de operações contínuas. Essa característica não indica, necessariamente, que sejam curtos ou longos, mas apenas que são iniciados, evoluem e, por fim, são finalizados.

Podemos observar que, desde a captação de oportunidades (concorrência, mercado, novas tecnologias, posicionamento e objetivos), a realização da ação (que leva em consideração a situação prevista e atual, as metas e os resultados), análise da viabilidade do projeto e sua efetiva implantação, as pessoas têm papel primordial e cabe ao gerente de projetos sua coordenação, gerência e liderança.

Projeto de forma geral significa um empreendimento com condições preestabelecidas de realização especialmente quanto à qualidade, custos e prazo, ou seja, a princípio parece tudo muito fácil: basta decompor todo o projeto em fases (iniciação, planejamento, execução, controle e encerramento), determinar as entregas, seguir uma metodologia de gestão de projetos (p. ex. PMBOK) e pronto, agora é só correr para o abraço!

Simples, não? Não.

Porque em qualquer fase do projeto entra um componente-chave: o ser humano.  As pessoas vão constituir o time que, efetivamente, realizará o projeto e este deverá contar com um ator fundamental: o gerente de projetos.  Planejar e executar um projeto representa um empreendimento  humano e, como tal, será conduzido por gente. Será necessário saber administrar e lidar com seus sentimentos, desejos, expectativas, conhecimentos e conflitos que influenciam, e muito, a realização das tarefas e metas de um projeto. Em outras palavras, procura-se muito formar um time de “pessoas competentes”, mas, na verdade, além de “pessoas competentes”, o time também deve possuir pessoas realizadas e felizes no que fazem e, para tanto, é extremamente importante, repito, ter pessoas certas nos lugares certos.

Definir o escopo do projeto, determinar prazos e controlar os custos são algumas das muitas atividades do projeto, porém não há nada mais complexo no escopo de um projeto que gerenciar e tratar as expectativas de todos os envolvidos na sua execução, especialmente, do time do projeto. O gerenciamento do projeto deve estar em equilíbrio vital com o lado humano de todos os envolvidos. O sucesso ou fracasso de um projeto está diretamente ligado a sua capacidade de unir esses dois fatores. Sendo mais enfático, certamente, um dos grandes desafios na gerência de um projeto é gerenciar as pessoas envolvidas.
De acordo com Hunter como citado no seu livro “O monge e o executivo”: “Não se gerencia pessoas, se gerencia coisas, e lidera pessoas”. O gerente de projetos além da técnica que deve conhecer para se planejar, medir, coordenar etc. é, na verdade, um grande gerenciador de expectativas em consonância com o dito popular “ouvir é melhor que falar”. Seu papel será similar ao do maestro de uma orquestra. Podemos lhe ensinar a teoria da música e a tocar um instrumento musical. Mas quem possui a habilidade para juntar tantos músicos diferentes e fazê-los tocar a música em harmonia? Quem os leva a tocar em uníssono? Quem é capaz de proporcionar essa habilidade ao grupo? Agindo assim ele atuará como um verdadeiro líder, procurando atender da melhor maneira possível todas as expectativas das pessoas envolvidas no projeto visando encerrar o projeto com sucesso.

Organizações são formadas por pessoas, seres humanos que pensam, agem, ficam tristes ou felizes, necessitam de motivação, gostam de ser ouvidas e reconhecidas. Pessoas que, através de sua criatividade, sensibilidade e conhecimento inovam processos, atitudes e relacionamentos. Pessoas que mudam o mundo, sistemas políticos, econômicos, sociais e ambientais. Enfim, são as pessoas os atores fundamentais para o sucesso na implementação de qualquer projeto.

Agora pense: Como está sua empresa hoje? Quais são seus grandes dilemas? Como as pessoas que fazem parte dela ou se relacionam de alguma forma com ela podem ajudar a resolvê-los?

Fica a nossa dica: Quer inovar na gestão de projetos? Então, entenda e valorize as pessoas.


            Um abraço e até a próxima.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Uma conversa sobre Inovação

Toda empresa, grande ou pequena, parece desesperada para desvendar os segredos da inovação — sobretudo da inovação a custo acessível e sem assumir riscos desmedidos. 

Um grande mito precisa ser quebrado: de que para inovar a empresa precisa ter “professores pardais” ou gênios criativos. Não é bem assim. 

Quando pensamos em empresas inovadoras vem sempre à mente nomes como Apple, 3M, Google entre outras. A inovação não depende do segmento em que a empresa está inserida. Como exemplos podemos citar a Natura, maior fabricante brasileira de cosméticos e produtos de higiene e beleza, e líder no setor de venda direta no Brasil. 

A empresa foi a primeira brasileira a aparecer no ranking das 100 empresas mais inovadoras do mundo (2011), ocupando a 10ª posição, de acordo com a lista anual divulgada pela versão norte-americana da revista Forbes (www.forbes.com/innovative-companies/list/). A Embrapa hoje é uma referência em inovações no campo do agronegócio, assim como algumas concessionárias de energia elétrica que apostam em energias “limpas” e ferramentas para detecção de falhas em cabos, por exemplo. Também podemos citar pequenas empresas e startups (pequenas empresas de cunho tecnológico) que, consistentemente, vem lançando produtos inovadores. No ranking publicado pela Comissão Europeia das 2000 empresas que mais investiram em inovação no mundo, o Brasil figura com apenas oito empresas, sendo que, entre as primeiras 100 empresas, temos a Vale (em 98ª posição). A explicação para isso não é tão simples. Engloba um conjunto de fatores, circunstâncias e conceitos sobre o que é inovar. Vamos lá...

A inovação pontual pode fazer com que a empresa avance também pontualmente. A inovação
tem que ser pensada como uma gestão da inovação, isto implica que a empresa monte e mantenha rigorosamente uma “carteira de inovação”. Isto é, administrando a inovação por toda a organização, em vez de depender de iniciativas aleatórias e isoladas fará com que a empresa avance sistematicamente. Mas uma coisa é certa: não é apenas o volume de investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) que é importante, ou seja, não adianta gastar muito se o gasto for pouco eficaz.

Afinal o que distingue as empresas mais inovadoras das demais empresas? Em primeiro plano está a sua habilidade de valorizar as pessoas (capital humano) retendo seus talentos. São empresas que cultivam relacionamentos internos e externos (inovação aberta), exploram 
valores como marca e autoconhecimento, possuem uma cultura e ambiente propícios à geração e aceitação de ideias (brainstorming, tempo livre para pensar, remuneração por boas ideias etc.), que direcionam seus investimentos e a execução de sua estratégia. Combinadas, estas características se complementam e se reforçam, gerando uma clara diferenciação das demais empresas. Em outras palavras, o que faz com que as empresas sejam inovadoras não é o “quanto” elas gastam, mas sim “como” elas gastam.

Reforçando o estudo da Comissão Europeia sobre investimentos das empresas em inovação, um outro estudo global, o “Innovation 1000”, sobre empresas inovadoras, realizado em 2012 pela consultoria Booz & Company, revela uma situação não muito animadora. Apesar de o Brasil ocupar hoje o posto de 7ª economia do planeta, estamos em 17º lugar na relação de países com empresas que mais investem em P&D. Nesse estudo, entre as mil listadas, apenas cinco empresas são brasileiras e a Petrobrás, atualmente na 119ª colocação, subiu apenas uma posição, passando para 118ª. Esta subida no ranking se deveu ao ciclo de investimento necessário à P&D de toda a cadeia de valor do pré-sal.

Um exercício interessante é voltar alguns anos atrás nos dados deste estudo da Booz & Company e verificar quantas empresas brasileiras constavam desta lista. O dado é chocante: em 2005, apenas três empresas brasileiras apareciam entre as mil principais, e a Petrobras já estava lá. E, nestes sete anos, somente duas novas empresas brasileiras entraram no ranking! O Brasil tem se destacado mundialmente em inovações no agronegócio, no setor de petróleo, na indústria de cosméticos entre outros. Isso se deve à qualidade e disponibilidade de insumos, de seus recursos naturais e ao talento de muitos profissionais envolvidos nessas e outras áreas.  O investimento em P&D é uma condição necessária à inovação, mas não suficiente, embora com certeza exerça papel fundamental para que empresas brasileiras 
possam competir, nas mesmas condições, com empresas globais.

O baixo investimento em P&D no Brasil explica-se por varias questões conjunturais como baixo nível e a dificuldade de acesso à educação, excesso de burocracia e mecanismos de incentivos complexos Outros aspectos - não menos importantes – são o arcabouço legal para proteção de propriedade intelectual no país, carga tributária elevada e, acima de tudo, a visão míope da maioria dos empresários, sempre almejando resultados de curto prazo sem pensar na geração de valor a longo prazo.

Colocados de lado os aspectos referentes às questões governamentais relativas ao incentivo
à inovação, salientamos que as empresas podem e devem investir na sua orientação à inovação. O acompanhamento de perto da gestão de empresas, há mais de 20 anos, nos permite inferir que é possível sim implantar um crescimento sustentável através da inovação sistêmica. O primeiro ponto é ter a pessoa certa no lugar certo. Pessoas mais comprometidas, motivadas, alinhadas aos objetivos do negócio geram maior produtividade. O segundo ponto é o alinhamento estratégico. Projetos de inovação precisam ser focados na estratégia da empresa, respeitar sua cultura, valores, conhecimento, capacidade de investimento e ter as tecnologias aplicadas e a tecnologia da informação aderente aos processos operacionais e de negócios. Terceiro e último ponto: é preciso haver um claro incentivo ao intra empreendedorismo e a uma cultura corporativa que apoie e estimule a inovação. Em tempo: o alinhamento estratégico deve considerar a inserção da organização nas quatro ondas tecnológicas – as Redes Sociais, Big Data, Mobilidade e Nuvem.

Estas novas tecnologias permitirão, ainda mais, a coleta de dados que se transformarão em informações que, devidamente analisadas produzirão conhecimentos. Estes, por sua vez, 
dependendo da forma como serão utilizados, irão construir a inteligência organizacional. A inteligência tem papel crescente no apoio à tomada de decisões estratégicas e na reestruturação de atividades técnico/operacionais mais eficientes. Ressaltamos que, em qualquer das etapas (dados, informação e conhecimento), o papel das PESSOAS é fundamental na geração do conhecimento. Afinal, as pessoas são o motor de inteligência.

Por mais complexo que possa parecer, é possível criar as condições por meio de métodos, processos, sistemas, metas, etc., para que empresas sejam mais inovadoras. O caminho é árduo e exige mais transpiração do que inspiração.