sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Internet das Coisas: um verdadeiro tsunami! - Parte 2

Conceito

A Internet das Coisas já começa a despertar interesse. O conceito não é novo, data de 1999 para se referir à interconectividade que objetos podem estabelecer entre si sem a necessidade de interação humana, definido basicamente pelo crescente número de objetos do mundo real (geladeiras, torradeiras, lâmpadas, câmeras, wearables etc.) que podem ser conectados à Internet. Para o grupo de internet da Cisco, até 2020, 50 bilhões de dispositivos terão acesso à web, algo como seis por pessoa.

A Internet das Coisas é uma rede de objetos com conexão à Internet habilitada juntamente com serviços Web que interagem com esses objetos, ou seja, uma infraestrutura de rede global baseada em padrão IP onde coisas físicas (objetos) ou virtuais, com suas identidades únicas operam entre si e com sistemas de informação. Na Internet das Coisas, as coisas e objetos participam ativamente dos processos sociais e de negócios, compartilhando dados e informações "percebidas" sobre o ambiente em que se encontram, reagindo de forma autônoma aos eventos do mundo físico, influenciando ou modificando os próprios processos em que se encontram, sem necessidade de intervenção humana


Como parte da infraestrutura da Internet das Coisas estão tecnologias como RFID (identificadores de radiofrequência), sensores, atuadores, câmeras e smartphones. O RFID é constituído por um micro circuito que identifica objetos e pode ser lido à distância. Exemplo da utilização do RFID são os sistemas de pedágio “Sem Parar ou Via Fácil”, mesmo em caixas de supermercados, centros de distribuição para logística de controle de mercadorias etc.

A geladeira com Internet é talvez o exemplo mais frequentemente citado do que a IoT pode disponibilizar. Imagine a seguinte situação... Você chegando em casa, uma câmara o identifica e avisa a outros dispositivos que você chegou. Daí a pouco, a campainha toca, você abre a porta e recebe um mensageiro do supermercado (sua geladeira avisou ao supermercado que você já havia chegado!) e recebe as cervejas, que sua geladeira encomendou, porque o estoque mínimo havia sido atingido (produtos internos à geladeira monitorados por etiquetas com RFID)! O mesmo refrigerador monitoraria seu conteúdo e o avisaria quando o leite está acabando. Possivelmente, que também monitore os melhores sites sobre comida, amealhando receitas para seus jantares e acrescentando ingredientes automaticamente a suas listas de compras. Essa geladeira sabe que tipo de comida você gosta, baseada em notas que você já deu às suas refeições. De fato, ela ajuda a tomar conta de sua saúde, porque sabe que tipo de comida lhe faz bem!

Isso é a Internet das Coisas. Essa tecnologia implica em uma relação simbiótica entre o mundo físico e o mundo digital, com entidades físicas tendo também sua única identidade digital, podendo com esta se comunicar e interagir  com outras entidades do mundo virtual, sejam estes outros objetos ou pessoas. E não é futurologia, mas algo que já é realidade.
Este é o nosso presente. É em cima disso que a Internet das Coisas está sendo construída. É a conectividade nos ajudando na tomada de decisões. Esse é o conceito da Computação Pervasiva (Pervasive Computing) ou Computação Ubíqua (Ubiquitous Computing) – existindo ou estando em todos os lugares – as máquinas que se encaixam no ambiente do ser humano e não o contrário. Em outras palavras, as máquinas interagem com o ser humano de uma forma mais natural. Todas estas tecnologias unidas é que nos levam a Internet das Coisas. Um cenário onde não só as pessoas estão conectadas, mas também os objetos do nosso dia a dia (celulares, geladeira, cafeteira, o despertador, som, carros etc.).

Uma nova dimensão está sendo adicionada ao mundo das tecnologias das informações e comunicações -  ICT (Information Communication Technology): a qualquer tempo, conectividade em qualquer lugar e para qualquer um. Agora teremos conectividade para tudo:
 


A evolução da internet

As figuras abaixo ilustram a evolução da internet. Desde seu lançamento na versão 1.0 (WEB 1.0) vivenciamos essa transformação há mais de 15 anos – dos primórdios de acesso à Internet e sites básicos (voltados para as empresas e apenas institucionais) para os anos de adolescência do e-commerce e do e-business. Já o advento da internet 2.0 (WEB 2.0) possibilitou ao usuário maior interação através da geração de conteúdo, mensagem instantânea onipresente, voz sobre IP, smartphones e entrega de vídeo em banda larga. Agora a internet 3.0 (WEB 3.0) veio possibilitar a comunicação em qualquer lugar, por qualquer um e com qualquer coisa, viabilizando a Internet das Coisas.




Existem várias aplicações para o uso da internet das coisas. A interação com as coisas ou objetos inteligentes ("smart things") dá-se geralmente na forma de interfaces para serviços, uma vez que estes objetos fazem parte de um conjunto maior. Dentre outras, uma aplicação bastante promissora será o uso nas cidades, visando dotá-las de sensores em semáforos, no transporte público, nas rede de água, na rede elétrica etc. As cidades podem ser vistas como uma complexa e multidimensional rede de componentes interligados, ou sistemas de sistemas, que constituem sua infra-estrutura básica, como transporte, energia, comunicações, educação e saúde. Suas características culturais, econômicas, sociais e geográficas criam contextos únicos, tornando absolutamente necessário uma visão analítica e holística para compreendermos seus desafios e propormos soluções específicas para se tornarem cidades inteligentes. Uma cidade inteligente é a que desmaterializa e acelera seus processos burocráticos e de gestão, que instrumenta e interconecta sua infra-estrutrura, criando soluções inovadoras”.

Em outro exemplo, um semáforo inteligente pode ter seu controle de tempo modificado por variáveis simples como hora (maior ou menor fluxo do trânsito) ou data (feriado ou dia da semana), bem como a partir de uma central que, baseado em algoritmos sofisticados, analisa outras informações e variáveis, oriundas de outros semáforos ou de incidentes como uma colisão em ruas próximas, que alteram o fluxo do trânsito. O semáforo faz parte de um serviço de controle de trânsito.

Uma situação interessante, na sua casa, seria o seu despertador checar as condições de tráfico ou clima e atrasar o horário em te acordar em 30 min., a cafeteira atrasaria o café, o aquecedor preparará seu banho também mais tarde etc. É esta conectividade que vem a ser a Internet das Coisas.

Outra aplicação que já vem sendo usada há alguns anos por algumas redes de supermercados na Alemanha e USA (mais recentemente o Pão de Açúcar do Shopping Iguatemi – SP) é o supermercado com caixa inteligente. Nesta aplicação, não será mais necessário que o consumidor retire os produtos do carrinho para pagar a conta, a totalização será automática no caixa, pois os produtos vão portar as etiquetas RFID e, se houver alguma conexão com meios de pagamentos por cartão, o operador do caixa não será mais necessário.

A tecnologia RFID poderá ser utilizada, para controle de estoques em centros de distribuição, controle de estoque e processos em indústrias, entre outras aplicações. Com o custo cada vez mais baixo das etiquetas RFID (da ordem de centavos) a tendência é que, em até 10 anos, o código de barras seja substituído por etiquetas portando RFID, não sendo mais necessários os leitores de código de barras.

Montadoras de automóveis, como a BMW, já embarcam em seus veículos dispositivos com RFID (transceptores) que monitoram condições de funcionamento de partes ou peças do veículo. Desta forma, a empresa pode ter um diagnóstico do veículo e se necessário avisar ao cliente sobre algum problema futuro.

Resumindo, com a evolução da Internet das Coisas a conectividade será total. Esta conectividade estará nas cidades, nos semáforos, nos prédios, no carro, os sinais de trânsito, nos equipamentos biomédicos, nos pontos de qualquer tipo de transporte público (estações, pontos de ônibus, aeroportos, etc.). Sensores que medem informações do ambiente e que as disponibilizam na internet. Softwares poderão ser escritos para ler estes sensores e tomar decisões em função de uma ou mais situações ou medir a evolução da mudança global de temperatura, entre outras.

Na medicina e saúde já há aplicações de medicamentos personalizados para o paciente e que podem ser monitorados no próprio paciente ou tomar pílulas com transceptores de sinal 3G que monitorariam o organismo enviando diagnósticos diretamente para o médico.


O desafio da Segurança

Como dissemos, a Internet das Coisas permitirá que bilhões de “coisas” se conectem. Mas, por outro lado, este mundo interconectado abre novas brechas no quesito segurança. Cada um destes sensores pode ser, potencialmente, um ponto de vulnerabilidade onde um código mal-intencionado pode ser inserido, afetando a segurança dos sistemas e a vida dos cidadãos. Os equipamentos nas pontas, como sensores e outros dispositivos, estavam anteriormente desconectados das redes das empresas. Funcionavam de forma isolada, mas agora, cada vez mais conectados, precisam ser monitorados de perto. Por exemplo, uma rede elétrica inteligente (smart grid) usa chips em todos os seus pontos, da usina aos medidores inteligentes nas residências e edifícios. Todos estes pontos precisam ser mantidos de forma segura, pois um ataque à rede elétrica pode simplesmente paralisar todo um país. Não é impossível imaginar um futuro onde cada sensor terá seu próprio endereço internet e, portanto, poderá ser diretamente acessível. Se deixados desprotegidos, os sensores podem ser um ponto de ataque que chegará ao coração dos sistemas da corporação ou das cidades. Um ataque a uma central de operações que controle todo o trânsito de uma cidade pode gerar um caos de proporção imensurável”.

A área de segurança de TIC deve também se envolver na gestão do ciclo de vida destes equipamentos, ampliando as políticas de segurança de TIC para abranger a tecnologia operacional (TO), ou seja, sensores e dispositivos RFID que agora começam se a conectar a rede da empresa.


Conclusões

A Internet das Coisas é uma revolução tecnológica que representa o futuro da computação e das comunicações, e seu desenvolvimento está diretamente relacionado à dinâmica da inovação tecnológica dentro de importantes campos, dos sensores sem fio (wireless sensors) à nanotecnologia. É um conceito que recebe uma significativa e considerável atenção e suporte dentro da Comissão Européia (CE) com respeito a desenvolvimentos estratégicos na Europa para a Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC) e para a Sociedade da Informação.

A Internet das Coisas tem sido identificada como uma importante força impulsionadora para a Internet do futuro. É foco de conferências presidenciais que abordam o assunto em relação aos sistemas de identificação por radio frequência (RFID). Ela é vista como um dos pilares que suportará a sociedade em rede e estruturada sobre a fundação da futura infraestrutura de rede.

Não se trata mais de futurologia. Já está presente e, estará ainda mais, em poucos anos, presente em todo o ambiente em que relacionamos, seja ele de negócios, pessoal, lazer. Fará parte da nossa vida.

A implantação de uma gestão da inovação vem sendo o grande diferencial competitivo das organizações e a internet, desde seu advento, fez parte desta inovação. Ela evoluiu passando de uma internet “estática” para uma internet “colaborativa” e agora temos a interatividade chegando às coisas. Esta interatividade melhora a nossa qualidade de vida, adicionando “n” possibilidades para o uso na saúde, na melhoria do monitoramento dos serviços públicos (água, gás etc.), na melhoria da urbanização em geral – “cidades inteligentes”, entre outras.

Em suma, já estamos vivendo na época dos “The Jetsons”!

Internet das Coisas: Inovação ou Revolução?


Deixo para você a resposta.