Três cenários que se apresentam no atual ambiente
de negócios produzem impactos importantes na gestão de projetos: o cenário
social vivido pelas organizações que levam em conta negócios globais,
diferentes culturas, regulamentações socioambientais locais e mundiais; o cenário econômico, ambiente que hoje
inclui as crises europeias (instabilidade econômica e desemprego –
principalmente na Grécia, Egito, Portugal e Espanha e, mais recentemente o
conflito entre a Rússia e Ucrânia), força das economias emergentes, a inovação
como ponto focal para alavancar a competitividade de empresas e nações, entre
outros. Por fim, o cenário comportamental, onde se destaca a mudança drástica na
maneira como os relacionamentos estão se processando, não importando se estes são
pessoa-pessoa, pessoa-empresa, pessoa-coisas ou até coisas-coisas (veja artigo
“Internet das Coisas” acessando aqui). Enfim, após a popularização das redes sociais, estamos inseridos num
ambiente de intensa colaboração onde a co-criação ganha mais e mais relevância,
passando a utilizar o processo criativo e inovativo de toda a cadeia de valor
das empresas (colaboradores, clientes, parceiros, comunidade etc.). Em outras
palavras, exercitando a inovação aberta (open
innovation).
Em
décadas passadas, “trabalho em equipe” era uma habilidade fundamental para a
avaliação de desempenho dos profissionais. Hoje, a tecnologia proporcionou uma
revolução no modo de ser, viver, agir e até de pensar. Vive-se uma época de
intensa colaboração. Para as empresas o chamado “trabalho em equipe” já faz
parte do DNA dos profissionais que vivenciam o mundo da colaboração, muitos
deles pertencentes às gerações Y e Z.
É sabido que ferramentas e
um ambiente propício para apoio aos processos de negócio em todos os sentidos,
as empresas os tem. Então, por que ainda se observam desempenhos excepcionais,
medianos e pífios em determinadas empresas, setores, departamentos e mesmo na
gestão de um projeto qualquer?
Existem diversas
justificativas para isso, mas, inegavelmente os resultados dependem da atitude
das Pessoas. Não apenas de pessoas competentes, mas sim de pessoas felizes no
que fazem. Para isso, é necessário colocar pessoas certas nos lugares certos. O que queremos é discutir exatamente
este ponto. Partimos do pressuposto que de pessoas felizes são pessoas
motivadas, que sabem liderar e ser lideradas, portanto têm mais condições de
ser inovadoras e acima de tudo conseguem, literalmente, engajar-se, qualquer
que seja sua função dentro da empresa ou numa equipe de gestão de um projeto.
A gestão de projetos e seus atores
Em virtude de todo esse conjunto de mudanças, alguns
fatores críticos ou exigências para o sucesso se destacam: a agilidade, a
capacidade de adaptação, o poder de inovar de forma rápida e eficiente e o
potencial de aprimoramento contínuo sob grandes restrições de recursos. Em
resposta a essas exigências, fortalecem-se os sistemas de gerenciamento de
projetos, como forma de gerir os empreendimentos temporários, únicos e
multifuncionais, que caracterizam o processo de implementação de estratégias,
inovação, adaptação e aprimoramento.
As ações de implementação da estratégia sempre podem
ser traduzidas em projetos e administradas como tal, com prazo, escopo,
produtos e qualidade definidos. Segundo o Project Management Institute – PMI®, “Projeto
é um empreendimento temporário realizado de forma progressiva para criar um
produto ou serviço único.” Por serem temporários, os projetos têm,
obrigatoriamente, início e término definidos, diferenciando-se de operações
contínuas. Essa característica não indica, necessariamente, que sejam curtos ou
longos, mas apenas que são iniciados, evoluem e, por fim, são finalizados.
Podemos observar que, desde a captação de
oportunidades (concorrência, mercado, novas tecnologias, posicionamento e
objetivos), a realização da ação (que leva em consideração a situação prevista
e atual, as metas e os resultados), análise da viabilidade do projeto e sua
efetiva implantação, as pessoas têm papel primordial e cabe ao gerente de
projetos sua coordenação, gerência e liderança.
Projeto de forma geral
significa um empreendimento com condições preestabelecidas de realização
especialmente quanto à qualidade, custos e prazo, ou seja, a princípio parece
tudo muito fácil: basta decompor todo o projeto em fases (iniciação,
planejamento, execução, controle e encerramento), determinar as entregas,
seguir uma metodologia de gestão de projetos (p. ex. PMBOK) e pronto, agora é
só correr para o abraço!
Simples,
não? Não.
Porque em qualquer fase do projeto entra um
componente-chave: o ser humano. As pessoas vão constituir o time que,
efetivamente, realizará o projeto e este deverá contar com um ator fundamental:
o gerente de projetos. Planejar e
executar um projeto representa um empreendimento humano e, como tal, será conduzido por gente.
Será necessário saber administrar e lidar com seus sentimentos, desejos,
expectativas, conhecimentos e conflitos que influenciam, e muito, a realização
das tarefas e metas de um projeto. Em outras palavras, procura-se muito formar
um time de “pessoas competentes”, mas, na verdade, além de “pessoas
competentes”, o time também deve possuir pessoas realizadas e felizes no que
fazem e, para tanto, é extremamente importante, repito, ter pessoas certas nos
lugares certos.
Definir o escopo do projeto,
determinar prazos e controlar os custos são algumas das muitas atividades do
projeto, porém não há nada mais complexo no escopo de um projeto que gerenciar
e tratar as expectativas de todos os envolvidos na sua execução, especialmente,
do time do projeto. O gerenciamento do projeto deve estar em equilíbrio vital
com o lado humano de todos os envolvidos. O sucesso ou fracasso de um projeto
está diretamente ligado a sua capacidade de unir esses dois fatores. Sendo mais
enfático, certamente, um dos grandes desafios na gerência de um projeto é
gerenciar as pessoas envolvidas.
De acordo com Hunter como citado no seu livro “O monge e
o executivo”: “Não se gerencia pessoas,
se gerencia coisas, e lidera pessoas”. O gerente de projetos além da
técnica que deve conhecer para se planejar, medir, coordenar etc. é, na
verdade, um grande gerenciador de expectativas em consonância com o dito
popular “ouvir é melhor que falar”.
Seu papel será similar ao do maestro de uma orquestra. Podemos lhe ensinar a
teoria da música e a tocar um instrumento musical. Mas quem possui a habilidade
para juntar tantos músicos diferentes e fazê-los tocar a música em harmonia?
Quem os leva a tocar em uníssono? Quem é capaz de proporcionar essa habilidade ao grupo? Agindo
assim ele atuará como um verdadeiro líder, procurando atender da melhor maneira
possível todas as expectativas das pessoas envolvidas no
projeto visando encerrar o projeto com sucesso.
Organizações são formadas
por pessoas, seres humanos que pensam, agem, ficam tristes ou felizes,
necessitam de motivação, gostam de ser ouvidas e reconhecidas. Pessoas que,
através de sua criatividade, sensibilidade e conhecimento inovam processos,
atitudes e relacionamentos. Pessoas que mudam o mundo, sistemas políticos,
econômicos, sociais e ambientais. Enfim, são as pessoas os atores fundamentais
para o sucesso na implementação de qualquer projeto.
Agora pense: Como está sua
empresa hoje? Quais são seus grandes dilemas? Como as pessoas que fazem parte
dela ou se relacionam de alguma forma com ela podem ajudar a resolvê-los?
Fica a nossa dica: Quer inovar na gestão de
projetos? Então, entenda e valorize as pessoas.
Um
abraço e até a próxima.
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